sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Só crianças crescidas

Eu comia chiclete do chão, escorregava de bunda no barro e me perdia em latas de leite condensado. Detestava vestidos e qualquer coisa que me impedisse de subir em árvores. Me confundia quando me chamavam de sorriso e não de Natália.
Tinha pânico de matemática. Não gostava dos números, das expressões, das divisões. Certa de que precisaria deles para fugir das broncas paternas, passava tardes e tardes comendo chocolate em pó debruçada em livros. Com o tempo decidi que saberia o suficiente para conferir o troco da padaria. Nada foi como planejei.
Encontro hoje números em tudo. Dizem sobre dias de vida, sobre calorias, afirmam jovens e velhos. Separam. Números no relógio, números de beijos no rosto, números de desculpas, números de perdão, números de tentativas. Números limitam!
Em lousas eles existem, quase sempre. Mas ontem ela estava tampada por um branco criativo. Na sala palavras, pirulitos e chocolates. E depois de tanto tempo, esqueci do tempo, dos números e do troco da padaria. Descobri momentos de alegria, com algumas crianças crescidas.
Por Natália Oliveira

9 comentários:

Daniel Savio disse...

Devo concordar, pois seriasmos bem melhores se mativessemos a parte de nossas crianças...

Fique com Deus, menina Natália.
Um abraço.

eloisa disse...

E eu o que faço com esses numeros?

Gosta bastante da infancia, nao Natalia?! Eu acabo gostando tanto dos teus textos, acho que por causa disso.

Meu beijo.

Dayse Oliveira disse...

Quando nos tornamos essas crianças crescidas percebemos o quão chato é ser sério o tempo inteiro. Que bom que tenho você, Naty criança, para brincar comigo... beijos

Pensamento aqui é Documento disse...

Dani!

E pq a gente não mantém?

Eu gosto da minha parte esquecida, que às vezes grita, tem vida.

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Elooo!

Joga fora. rs.

Quem precisa deles?

rs. Sou. Tanto, que até temo ser cansativa, por isto. Mas fico tão feliz em saber que você compartilha destas ideias de vida comigo.

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Pequena!

Eu amo brincar com você.

A gente se encontra quando se perde no pique-esconde.

-

Beijos

Amooo vc!

sblogonoff café disse...

Suas primeiros dois parágrafos eu poderia ter escrito exatamente!!Rs

As coisas precisam de equilíbrio. Não sei quem falou que pra ser adulto precisa ser sério.Não sei onde está escrito que criança não leva a vida a sério também!!
Estar na Terra do Nunca nem sempre quer dizer ter complexo de Peter Pan! A gente cresce,né?! Mas algumas coisas devem se perpetuar ali, aquilo pueril que faz o mundo ser um sorriso maior, ser o fardo bem mais leve!!

Continue assim por dentro!!!

Sopro de Eves!

Uma gazela espavorida disse...

Que lindo. E eu que achava que era gente das palavras, descobri que ser dos números não é tão ruim assim.

Um beijão!

Natália Oliveira disse...

Mi!
rs.
Poderia? Que delícia. Gosto de crianças crescidas. rs.

Assinado de olho fechado. Gosto de quando fui criança, pq eu tinha a sabedoria de separar o que era importando do que realmente não valia a pena.

Gravatas, ternos e saltos altos não faziam muito sentido. Vivi todo o gosta da vida, quando mal sabia o que era viver.

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Olá, Gazela.

Eu não sou muito fã dos números.
Acho que eles cansam. Mas dá para ver de um tudo neste mundo, não?

Obrigada pela presença!

Beijos

Sena do Aragão disse...

Esses momentos são ótimos. E são raros.

Eu gosto disso...

Beijos!

Pensamento aqui é Documento disse...

São raros, Sena.

Por isto me sinto tão privilegiada em percebê-los.

Obrigada pela presença.

Um abraço