sexta-feira, 31 de julho de 2009

Só por hoje

Depois de tantas palavras ditas, venho provar das minhas. As letras que me pediram, que esperavam, que me clamavam...neste momento estão cheias no prato que hoje eu preciso me servir. Chegou o momento de mergulhar no oceano de conselhos e me entregar às ondas de incentivo. Chegou a minha hora de se reinventar, de tentar de novo, de pescar. O instante de jogar as redes no mar e por cansar de esperar, aprender a nadar, é agora. É este, é o momento.
Não há canoas ou barcos, neste segundo preciso confiar nos meus braços. Não há faróis, nem sinal de lâmpadas, agora quem dita a luz é o brilho dos meus olhos, do fio dos meus sonhos. O amargo está na boca que grita a força, que tenta convencer o corpo de não parar, de não se deixar levar pelo frio presente na espinha. Eu preciso só parar de pensar, para não ter medo de fraquejar. Só tentar engolir o nó na garganta que não me deixa respirar. Eu só preciso não me entregar, não deixar de provar das minhas palavras. Eu só preciso da certeza. Eu só preciso da presença. Eu só preciso saber que nada é para sempre.
Por Natália Oliveira

terça-feira, 21 de julho de 2009

É tão bom tê-los por perto

Eu aprendi! Eu aprendi que se pode encontrar o verdadeiro sentido da vida em panelas de brigadeiro e gargalhadas gritantes. Eu amadureci! Eu amadureci aprendendo que nada, nada neste mundo, paga a sua felicidade e que posso lutar por ela até o fim. Eu reconheci! Eu reconheci que não há felicidade na solidão e que você é a forma mais gostosa de me sentir acompanhada. Eu errei! Eu errei pensando que era certa demais e encontrei em você o caminho para acertarmos juntos outra vez. Eu percebi que posso me perder, eu percebi que você é o meu guia. Eu tropeçei! Eu tropeçei e cai em braços estendidos. Eu comprovei! Eu comprovei que o dinheiro não tem o minímo valor diante da sua criatividade. Eu tentei e, por muitas vezes não consegui, mas encontrei você do outro lado. Do lado dos bons, dos verdadeiros amigos.
Ainda que dedicasse todos os dias da minha vida a agradecer, ainda seria pouco! Hoje eu sou melhor pq. sou a soma de nós. Você mudou o meu mundo com armas de paz!
Obrigada por hoje e por toda a minha vida!
Feliz dia do amigo!
A todos os verdadeiros e bons!
Por Natália Oliveira

terça-feira, 14 de julho de 2009

Quantos é?

Minha mesa está cheia, mas ainda assim não faço nada do que me pedem. O feriado não me preparou para uma segunda-feira de decisões, não pela manhã. No auge da minha preguiça, abro meus e-mails e apago as mensagens antes de contemplá-las, não quero fazer nada, não neste momento.
Deixo meu olhar se perder nas estantes cheias de fitas da TV, onde trabalho. Sei que as pessoas vão e vem, pois ouço um barulho de passos apressados aqui, mas nada me desperta, nada me faz voltar. Apesar de descansar meus braços na mesa, meu corpo balança em outro lugar. Viajo no dia de ontem, no exato momento em que não estava aqui. Aquela palestra.
Cheguei à sala espaçosa com um pouco de atraso, as pessoas já ocupavam as cadeiras posicionadas de frente pro palco. Em busca de um lugar para sentar, me guiei por alguns pontos azuis perdidos num canto, logo fiz parte do mar de gente. O homem de ralos cabelos brancos e óculos redondos subiu no ponto mais alto daquele lugar que, naquele momento, mais parecia a ponta de um barco. Ficamos em silêncio até a voz ressoar.
Aprendi muitas coisas naquela noite, entre elas, uma ainda me bate no peito. “Hoje, alguém que vocês não conhecem se mistura a mim e fala para vocês. Esta pessoa é o meu avô, que me ensinou valores inegociáveis”. As mãos brancas e grossas mexiam no ritmo de sua garganta e as ondas balançavam. “Deixe sua vida em outras pessoas. Trabalhe pela vida, já que dessa forma ela pode se eternizar. Não existe coisa mais triste do que não ensinar, nao compartilhar.”
Minha mesa está cheia, mas ainda assim não faço nada do que me pedem. Viajo no dia de ontem, no exato momento em que não estava aqui. Aquela palestra me fez perguntas e eu me coloco hoje a responder. Quem escreve neste blog além de mim? Quem me motivou a estar aqui? Quem faz parte de mim?Eu sou eu e mais quantas pessoas? Além do sorriso da minha mãe e da força do meu pai? Quantas sou? E você, sabe quantos eus é?
Ao Pastor Ricardo Gondim.
Por Natália Oliveira

terça-feira, 7 de julho de 2009

Contra-indicação. Enxerga?

Desço do ônibus antes do ponto. Bem antes. Faço de propósito, motivada por um impulso quase irracional. As calçadas me parecem confortáveis e eu ando devagar sobre elas. Diferente de todos os outros dias, deixo o meu olhar se perder à vontade, hoje nada passará rápido demais. Sei que não perderei o ponto. Eu posso ver.
Sigo a trilha da minha volta e percebo que muita coisa mudou e eu nem percebi, m
esmo fazendo o mesmo caminho todos os dias. Não sabia da agência de turismo na esquina e nem da loja infantil que virou teen. Comida japonesa no bairro? Novidade para mim. Empresa de comunicação? Nossa! Preciso andar mais por aqui.
As pessoas passam com pressa e, distraída, eu tropeço nelas. Os noticiários cheios de guerra e de homens disfarçados de bem aproveitam a deixa e me invadem. Por um momento perco o vento de vista e sinto medo. Apresso o passo, seguro a bolsa contra o peito e lamento a ideia de ir a pé para casa. Olho pro céu na tentativa de segurar o tom claro, mas o que consigo é perceber que Ele não vive em meio às prisões. Volto a enxergar.
Chego em casa – depois de anos – com as costas molhadas. Andei. Largo a bolsa na mesa da sala sem vontade de trancar a porta, sem medo de que alguém invada minha casa, sem medo de nada. Sem fantasias, sem medo de vida. Sem medo. Sinto a euforia e a ausência de qualquer precaução. O mesmo que sentia quando era criança, quando dispensava óculos e ainda assim enxergava.
Sinto as pernas relaxadas e uma vontade imensa de gritar pro mundo que estou viva. Sinto a lógica de segunda a sexta-feira quebrar a expectativa de um final de semana numa deliciosa terça-feira. Não espero o feriado chegar logo. O momento me basta. Não preciso de colírios de seriado e nem de lentes de telefone. Tô viva, enxergo. Isso me basta.
E descarto os conselhos. “Tome cuidado, minha filha”. Cuidado para que? Eu já tomei muito e muito sem precisar. Eu não tomo mais sem indicação, eu não tomo mais para prevenção. Agora eu sou a contra-indicação, eu quero enxergar. Eu quero enxergar a vida por perto estar. Eu não quero que nada separe o mundo de mim. Eu só lembarei. "O que os olhos não veem, o coração não sente". Está decido. Eu quero sentir. Não posso mais ser presa de mim.
Por Natália Oliveira

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vem na garupa?

Olho meu armário com o desejo de achar algo simples e ao mesmo tempo usável. Decido por cinza, rosa, pão com manteiga e leite com café. Deixo o pretinho básico e o chá com bolachas para outro dia, outra ocasião. Faço tudo rapidinho e alcanço o elevador antes de deixá-lo atender outro morador.
O dia está claro e eu me arrependo de usar blusa de lã. Não caprichei na regatinha, não posso mostrá-la, sei vou passar calor. O ponto está cheio, os ônibus que passam não ficam atrás. Olho o papel, que balança com o vento, e confirmo. É esse. Dou sinal e espero a pressa em forma de humanos com pouca educação entrar. Respiro fundo e com calma faço o mesmo.
O trajeto é desconhecido e me parece longo. Esforço-me para manter os olhos no chão. Estranhamente o balanço do veículo somado as árvores que passam ligeiramente pela janela me enjoam. Fico por algum tempo assim, só mudo de posição quando o cobrador, generosamente, me diz que “é o próximo”
Caminho de olho nas placas. Faz tempo que me obrigo a saber os nomes da rua de minha cidade. Chego sem problemas no prédio da Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa - e me deparo com pessoas bem diferentes de mim, bem diferentes entre elas. Bem diferentes. Não demoro a encontrar minha amiga, não demoramos a entrar no auditório cheio.
No palco, o jornalista Marcelo Tas dá vida ao debate sobre mídias sociais. O assunto é internet. No meio da conversa um comentário. “A nossa geração – de adultos – é marcada por uma linha de raciocínio mais ou menos assim: é como se criassem a motocicleta e diante da criação passássemos o tempo inteiro falando dos espelhinhos, dos pneus, dos freios e por isso nós esquecêssemos de curtir a viagem”.
Diferente de todos os outros eu ri. Pensei na humanidade, na realidade. A gente vive em cima de detalhes e esquece que vida é uma incrível viagem. E por falar nisso, vem na garupa?

Por Natália Oliveira