segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mundo dos Humanos

Voltando do meu almoço passei em frente ao corredor da Educação Infantil. Não sei porquê, mas lembrei do noticiário da noite anterior. De novo o bombardeio de imagens, fotos e sons. De novo sangue inocente derrubado ao chão, de novo sensações. De novo injustiça. De novo, tudo. Tudo, de novo. Mais uma vez mães e pais choram, mais uma vez corações se apertam. Mais uma vez a humanidade pergunta: porquê? Porquê tanta maldade? Alguém sabe? Ninguém sabe. Não os humanos. Os humanos não sabem. A tontura vem. Ela só tinha 15 anos. Só 15. Não deu tempo dela sentir o cansaço do trabalho e o alívio que traz o fim de semana. Não deu tempo de constituir uma família e nem saber, ao certo, o valor que a dela tem. Não deu tempo de muita coisa. Quem sabe quais os sonhos, os medos e os anseios? Ela teve chance de realizá-los? Mais uma vez tudo se foi, assim como castelos de areia, quando a chuva cai, expectativas e desejos se desmancharam. Vozes perguntam, porquê. A humanidade responde sem respostas. Roubaram o direito de viver. Roubaram o direito de errar e acertar. Roubaram o sorriso dos lábios e as lágrimas do rosto. Roubaram tudo. Ela só tinha 15 anos. Não, é ela não é mais a esperança para o mundo, porquê a roubaram do mundo. A voz dela embargou. O coração parou de bater. E perguntam: Porquê? Voltando do meu almoço passei em frente ao corredor da Educação Infantil. Não sei porquê, mas lembrei do noticiário da noite anterior. Ainda me sentia tonta quando uma mãozinha molhada encostou em minha perna. Agachei e senti o beijo mais gostoso, que recebi em toda a minha vida. Sentei-me, apoiando nas paredes, agora leve. Solta, sem pesos, agora. Só o meu coração que batia forte e sem ritmo e minha garganta, que tinha dado um nó. Não evitei que meu rosto molhasse, assim como não impedi o abraço que vinha. Aos poucos senti o amor que me era ofertado de graça. Senti Deus. Senti as respostas. Senti a ausência dele no mundo. No mundo dos humanos. Por Natália Oliveira