sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vem na garupa?

Olho meu armário com o desejo de achar algo simples e ao mesmo tempo usável. Decido por cinza, rosa, pão com manteiga e leite com café. Deixo o pretinho básico e o chá com bolachas para outro dia, outra ocasião. Faço tudo rapidinho e alcanço o elevador antes de deixá-lo atender outro morador.
O dia está claro e eu me arrependo de usar blusa de lã. Não caprichei na regatinha, não posso mostrá-la, sei vou passar calor. O ponto está cheio, os ônibus que passam não ficam atrás. Olho o papel, que balança com o vento, e confirmo. É esse. Dou sinal e espero a pressa em forma de humanos com pouca educação entrar. Respiro fundo e com calma faço o mesmo.
O trajeto é desconhecido e me parece longo. Esforço-me para manter os olhos no chão. Estranhamente o balanço do veículo somado as árvores que passam ligeiramente pela janela me enjoam. Fico por algum tempo assim, só mudo de posição quando o cobrador, generosamente, me diz que “é o próximo”
Caminho de olho nas placas. Faz tempo que me obrigo a saber os nomes da rua de minha cidade. Chego sem problemas no prédio da Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa - e me deparo com pessoas bem diferentes de mim, bem diferentes entre elas. Bem diferentes. Não demoro a encontrar minha amiga, não demoramos a entrar no auditório cheio.
No palco, o jornalista Marcelo Tas dá vida ao debate sobre mídias sociais. O assunto é internet. No meio da conversa um comentário. “A nossa geração – de adultos – é marcada por uma linha de raciocínio mais ou menos assim: é como se criassem a motocicleta e diante da criação passássemos o tempo inteiro falando dos espelhinhos, dos pneus, dos freios e por isso nós esquecêssemos de curtir a viagem”.
Diferente de todos os outros eu ri. Pensei na humanidade, na realidade. A gente vive em cima de detalhes e esquece que vida é uma incrível viagem. E por falar nisso, vem na garupa?

Por Natália Oliveira

8 comentários:

Éter Na Mente disse...

Eu estarei sempre na sua garupa. porque compatilho de suas idéias de mundo.
Beijos moça.

Pensamento aqui é Documento disse...

Verdade, éter!

A gente tá na mesma viagem!

rs

Adorei a visita!

Beijos

sblogonoff café disse...

Ei, moça!
Li em algum lugar, acho que num livro do Rubem Alves, talvez o "Ostra Feliz não faz Pérolas"...
Ah, não sei direito, mas sei que li sobre a invenção do telescópio. Depois que Da Vinci mostrou pra todo mundo o instrumento, ficaram atônitos com aquilo, vasculhando tim tim por tim tim cada mecanismo que de aproximação das lentes e tal... Ninguém olhou para as estrelas. É como um cara que trabalha pra caramba para dar boa vida pra família e não sabe o dia do aniversário dos filhos.
Os detalhes são importantes né, mas são parte do caminho. Sozinhos, dispersos assim, eles perdem o sentido.
É preciso ter olhos de ver!
É. Eu quero ir na garupa! Eu quero guiar também!!!

Sopro de Eves!

Rose Cianci disse...

Nossa Naty, amei o texto. Bárbaro!!!
Por favor, garupa sempre!!!
Bjus.
Rose

Pensamento aqui é Documento disse...

Nenhum desequilíbrio é bom, essa é a verdade! A gente se perde demais, deslumbra demais e o que é realmente importante fica para trás!

Com certeza, a gente reveza, ora eu guio, ora você. Combinado? E entre uma parada e outra, a gente vê as estrelas!

-

Rô, seu lugar estará sempre reservado!

-

Obrigada pela visita, meninas!

A gente se encontra!

Beijos

Lucas disse...

Como eu gosto quando alguém me surpreende!

Narrativa leve e com propósito.

Foi um dia ótimo, imagino.

Muito obrigado pelo comentário no Ideias.

Beijo. ;**

Diversidade.com disse...

Por tudo aquilo que mais surpreende e deixa leve...

Parabéns pela escrita...
Parabéns por fazer parte disso aqui..


Belo espaço!
Abraço

Pensamento aqui é Documento disse...

Nossa, quanta gente bacana por aqui!

Lucas, visitar seu espaço é um prazer. Ler seus textos uma delícia!

É, foi um ótimo dia!

-

Diversidade!

Gostei do nome.

Obrigada pela visita!

Retribuo logo, logo!

Beiijos

PS: Espero surpreendê-los sempre.