Antes de qualquer coisa, deixe eu contar o cenário da história...
É uma rua não muito extensa. Nela há três pontos, todos finais, marcados por postes finos de ferro com placas, que organizam as filas de passageiros. Um muro branco encardido separa a rua da empresa, construída do outro lado, e também é usado de encosto por quem espera o ônibus para sair. Mesmo cheirando a xixi, há sempre quem se apóie. Há também algumas cabines, mal conservadas, onde ficam os fiscais. Os motoristas sempre aparecem por lá e sempre se atrasam e os passageiros sempre reclamam, mas sempre fica do mesmo jeito.
Enfim. Desci no primeiro ponto, passei pelo vendedor de pipoca, amendoim, batata e balas - ah, porque lá também tem um vendedor – e parei no lugar de sempre, atrás da menina de sempre. A menina. Ela sempre está lá, sempre a primeira da fila. Ela e sua carinha redonda, branca, sem expressão. Ou melhor, até tem expressão, mas é a mesma expressão de um recém-nascido. Se há gente com cara de joelho, ela é um molde perfeito. Têm olhos pequeninos, vivos, pretos e um semblante permanente de choro.
Parei atrás dela e os meus olhos acostumados pousaram em seus cabelos pretos amarrados num rabo de cavalo, elástico azul. Finos e ralos, um pouco rebeldes, mas compridos. Vestia uma calça social escura, posso lembrar porque... bom depois eu digo. Um dia no ônibus sentei atrás dela, o acrílico que separava os bancos da porta refletiam sua testa franzida, era engraçada a recém-nascida. Não engraçada de gozação, mas de gente engraçadinha, mesmo.
Mas voltamos ao hoje. Ela parecia impaciente, como sempre. Sem mexer o corpo, virava o pescoço para trás com as sobrancelhas contrariadas em tentativas inválidas de trazer alguém ali, para dirigir. Permanecia nesta posição por alguns segundos e depois virava para frente, uma perfeita recém-nascida a danada. Eu esperava, até que a calça social dela eu percebi. Um barulho, rápido, picado, estranho para ocasião, mas conhecido. Despertei!
De onde tinha vindo? Quem tinha sido?
Ela se denunciava. Sem graça passava a mão na parte de trás da calça, ligeira e sem mexer o corpo me deu uma olhada. Em silêncio eu respondi “sim, deu para ouvir”. Coisa de recém-nascida solta pum por aí.
Por Natália Oliveira
4 comentários:
Hua, kkk, ha, ha, acontece nas melhores pessoas...
Fique com Deus, menina Nathália Oliveira.
Um abraço.
HUA,HAU,HAUA,AHUA,AUAUAY. Só você mesmo... rs.
Bjokas
Ô tadinha! Restará o consolo de não saber que ficará eternizada numa crônica. Seria cômico se já não fosse engraçado.
Beijo, Natália.
hahuhauuhhuaauhuhauhauhauhahuahu.
E nas piores também.
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uhahuahuhuauhauhauhauhauhauhauha
Dessa vez não fui eu, Rô. uahuauhahua
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uhauhahuuahhua
Pois, é! Foi acontecer logo na minha frente?
Beeeijos,
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