Certa vez perguntaram a um aposentado qual era a maior riqueza de um homem com mais de oitenta anos. E ele respondeu. “O poder de discernir o que realmente importa daquilo que não tem nenhum valor”¹. Quase enlouqueci quando li, logo minha cabeça que sempre me convenceu de ser tão madura, tão certinha. Mergulhei em lágrimas, fui ao fundo do poço pelo buraco que eu mesmo criei.
Rasguei os planos, chorei. Recebi amigos, os assustei. Sempre tão certa....
Senti a dor de estar errada com todos os pedaços que um dia me formei...
Mas a sanidade volta, com ela a clareza de ideias, a queda de extremos e hoje, com toda a firmeza que me resta, declarei:
Volto a andar na terra descalça, a deitar com o sol, a rir sozinha. Volto a olhar os pássaros, a abraçar as árvores, a permitir que me achem tonta demais. Volto a fazer caretas em frente ao espelho e cantar alto, a comer por desespero e estalar os dedos por ansiedade. Aprendo a sair do controle. Passo a aceitar que posso errar, passo a dar razão. Volto a ler meus livros.
Não dispenso mais nenhuma conversa com minha mãe por estar cheia de trabalhos e digo que a amo setenta vezes nove. Não perco mais oportunidades de me conhecer, faço questão de olhar para os meus medos, conto os meus defeitos e faço força para melhorá-los, mas não me cobro, tanto, mais. Respeito os meus limites.
Passo a apreciar mais ainda a liberdade. A liberdade de ser quem sou, a sua de ser quem você é. Me disponho a somas, busco sua essência.
E então, quando o dia acabar, descalça deitarei junto ao sol...
[Sem Perder a Alma – Ricardo Gondim ¹.
Post escrito em 19 de janeiro, perdido em minha caixa de e-mail, acho que vale publicar.
Por Natália Oliveira