sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Feliz Natal

Era uma fila sem fim. Uma fila que tomava conta de todas as faixas da avenida, um mar de pneus, de janelas, de carros com ondas em formatos diferentes. Era noite. E noite. Noite de um domingo, depois das dez. Dia em que as pessoas se guardam, se fecham, se entregam às camas, ao desanimo, ao despertador programado. Dia em que os semáforos geram medo no vazio, dia em que os percursos, por mais pequenos que sejam, são boas e inovadoras estradas. Mas...algo estava diferente ali.
Não chovia, o clima era ameno. O céu estava azul, sem estrelas e, para falar a verdade, se tinha lua, não lembro. O que não foge a minha memória é o tempo em que fiquei ali, parada. Foram mais de duas horas para dar a volta, para fazer a curva que, em outrora, faria em cinco minutos. E não dava para fazer nada além de esperar, os motoristas cruzarem o pedaço de rua que restava. E eles faziam da maneira mais devagar que podiam, mais lenta. Outra coisa estranha. Não existiam buzinas. As pessoas colocavam a cabeça para fora a todo momento e se olhavam com uma satisfação singular.
Em busca de resposta, me aproximei da janela, ao meu lado, em outro carro, uma família. Eram cinco rostos redondos de olhos puxados, dois mais vividos, os outros ainda infantis. As janelas estavam sujas, mas pude ver bem o garotinho que se esforçava para ficar entre os mais velhos, no meio. Com as mãozinhas pequenas segurava o encosto dos bancos da frente e mantinha o corpo ereto, o mais próximo da janela, o máximo que podia. Lá dentro estava escuro, mas as luzes brilhavam coloridas e, por algum momento pensei que a explicação de tudo aquilo estava ali, naquele menino.
Seguimos, ao ritmo contrário das luzes da árvore de Natal, construída no meio da cidade, do caos. Seguimos devagar, no ritmo do encanto daquela criança que dizia um pouco do Papai Noel. Algo estava diferente ali.
Feliz Natal!
Por Natália Oliveira

4 comentários:

Daniel Savio disse...

Construirmos um natal artificial demais...

E feliz natal.

Fique com Deus, menina Natália.
Um abraço.

Éter Na Mente disse...

O natal perdeu o sentido diante do caos que vivemos.
Mesmo assim não poderia deixar de vir aqui, nesse recanto especial, para desejar tudo de melhor a vc.
Beijos querida.
Que seu 2010 seja com tudo que vc merece.
Do seu fã número 1

Pensamento aqui é Documento disse...

Dani!

Eu fico com a alegria das crianças!

Feliz Natal!

-

Éter!

Obrigada, querido!

Procê também.

Éter no significado do Natal!

=D

-


Beijooos

Sena do Aragão disse...

Oi Querida Natália!

Já tentei comentar aqui umas 3 ou 4 vezes, mas andei com problemas para acessar qualquer URL que tivesse "blogspot".

Consegui após essa dica:
http://www.google.com/support/forum/p/blogger/thread?tid=54e64a0ce60bd05f&hl=pt-BR

Gostaria de agradecer pela troca de experiência, informação e bons momentos.

É sempre agradável acessar seu blog e encontrar textos como esses. Com um toque que só você possui. Eu gosto disso. Gosto da forma como você escreve. Até inspira, sabia?

Desejo a você um 2010 de sucesso, conquistas e muita alegria.

Espero continuar lendo coisas como essas. Quem sabe com o mesmo olhar do garotinho, só que refletindo a tela do meu computador nos meus olhos. Sempre com um brilho.

Um forte e caloroso abraço.

Beijos