segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Quem sou eu?

Eu começo como a maioria começa: é difícil falar da gente, né? E aí eu paro e penso: Como assim difícil? Já parou para pensar que você passa mais tempo com você do que com qualquer outra pessoa? Desde que você nasceu você vive com você. Mesmo que se case ou decida a solidão. Mesmo que viaje ou prefira o velho sofá. Mesmo que faça o que quiser com quem quiser, mesmo assim. Ninguém conseguirá tirar essa desvantagem. Não há como. Nem a sua mãe. Nem seu marido ou seu melhor amigo. Ninguém. E por que é tão difícil falar da gente? Talvez seja por que passamos muito tempo com a gente, mas mesmo assim não ficamos com a gente. Passamos a vida olhando para os outros, para o jeito do outro, para a vida do outro e esquecemos de olhar para o nosso jeito, para a nossa vida. Vemos sempre além de nós e não para nós. Quantas vezes você dedica à percepção de seus pontos fracos? Quantas vezes por semana você senta em uma calçada qualquer para reparar a sua roupa, as suas unhas, o seu vocabulário? Quantas vezes? Você já se sentou numa cadeira de lanchonete com alguns conhecidos para comentar como você é “tolo” diante de algumas situações ou como você se “acha demais” diante de outras? Já parou? Eu também não. Por isso é tão difícil falar da gente. Por que no fim das contas a gente não se conhece tanto assim. A gente conhece muito do outro, mas da gente mesmo, nada. E quando perguntam: Quem é você? A gente não sabe. E não sabe mesmo. A gente dedica nosso tempo às imperfeições do outro, como saber então da gente? É eu sei que você dirá uma centena de coisas. Que eu sou radical demais, que eu generalizo demais, que eu sou simplista demais. Talvez eu seja tudo isso mesmo. Tô começando a me descobrir. Vê se tenta também, é bom! Por que mesmo que às vezes pinte uma ponta de “eu por eu” e a gente fala, reconhece, confessa, ainda é pouco comparado ao quanto a gente “conhece” do outro. Antes de terminar não me refiro a nenhum outro. Refiro-me a mim mesmo. Parei para pensar em mim, na minha vida, no meu jeito. No meu lado incompleto, que às vezes me consome. Eu só inverti os papéis, o que quase nunca faço. E antes mesmo que eu precise voltar ao trabalho, eu desejo que esse não seja mais um momento “eu por eu”. E tomo a liberdade de desejar isso a você também. Por Natália Oliveira

Um comentário:

Éter Na Mente disse...

Encarar-se talvez seja a parte mais difícil da vida. Por razões que desconheço, temos a tendência a nos achar demais ou de menos. Arrogantes ou inferiores sem nunca haver uma reflexão. Talvez por eu ter uma mania quase compulsiva de tentar entender tudo, sim eu já me auto analisei. Gostei de algumas coisas, odiei outras e finalmente entendi minhas “neuras” Se posso curá-las? Não sei. Mas não me colocar acima ou abaixo de nada nem de ninguém foi fundamental para me equilibrar nessa gangorra da vida. Porque sempre teremos momentos de sucesso e fracasso. Sem a ciência de quem somos esses momentos podem se transformar numa ilusão frustrante ou numa queda sem volta.
Naty, mais um texto maravilhoso. Bjos querida.