quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Não é felicidade

Na verdade não. Não dá para dizer que é felicidade genuína, daquelas que a gente tem vontade de gritar e sair para o caminho do abraço, mas é um bem-estar da forma mais literal possível. Um bem-estar de camisola, shorts, cabelos desalinhados, café com leite na xícara e pão com manteiga.
Um bem que nasce da música que toca e que joga meu corpo devagar “prum” lado e pro outro de um jeito suave. Algo como estar bem para dizer coisas sem sentido com um amigo e rir porque o que se fala não tem graça alguma. Tipo de recusar a ver matérias repetidas sobre desgraças repetidas sobre soluções não encontradas.
Apenas sentar de pernas cruzadas e ver as letras pintando o branco da folha e agradecer de peito cheio por um dia ter sido alfabetizada. Coisa de não se importar com o relógio avançado, mesmo sabendo que no outro dia vai ter trabalho. Na verdade não é felicidade genuína, é só um bem estar. Um estar bem. Tudo dosado de agora.
Por Natália Oliveira

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

...

Talvez dê certo. E talvez não.

Pode ser que os planos se concretizem como foram idealizados e pode ser que se transformem em fumaça de frustração.

Entre a dúvida e a certeza tem chão.

Fico então com a paz do meu caminho percorrido aos poucos, aos passos, aos minutos bem curtidos, bem intensos.

Entre a dúvida e a certeza tem chão. Talvez dê certo, talvez não.
Por Natália Oliveira

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Recém

Antes de qualquer coisa, deixe eu contar o cenário da história...
É uma rua não muito extensa. Nela há três pontos, todos finais, marcados por postes finos de ferro com placas, que organizam as filas de passageiros. Um muro branco encardido separa a rua da empresa, construída do outro lado, e também é usado de encosto por quem espera o ônibus para sair. Mesmo cheirando a xixi, há sempre quem se apóie. Há também algumas cabines, mal conservadas, onde ficam os fiscais. Os motoristas sempre aparecem por lá e sempre se atrasam e os passageiros sempre reclamam, mas sempre fica do mesmo jeito.
Enfim. Desci no primeiro ponto, passei pelo vendedor de pipoca, amendoim, batata e balas - ah, porque lá também tem um vendedor – e parei no lugar de sempre, atrás da menina de sempre. A menina. Ela sempre está lá, sempre a primeira da fila. Ela e sua carinha redonda, branca, sem expressão. Ou melhor, até tem expressão, mas é a mesma expressão de um recém-nascido. Se há gente com cara de joelho, ela é um molde perfeito. Têm olhos pequeninos, vivos, pretos e um semblante permanente de choro.
Parei atrás dela e os meus olhos acostumados pousaram em seus cabelos pretos amarrados num rabo de cavalo, elástico azul. Finos e ralos, um pouco rebeldes, mas compridos. Vestia uma calça social escura, posso lembrar porque... bom depois eu digo. Um dia no ônibus sentei atrás dela, o acrílico que separava os bancos da porta refletiam sua testa franzida, era engraçada a recém-nascida. Não engraçada de gozação, mas de gente engraçadinha, mesmo.
Mas voltamos ao hoje. Ela parecia impaciente, como sempre. Sem mexer o corpo, virava o pescoço para trás com as sobrancelhas contrariadas em tentativas inválidas de trazer alguém ali, para dirigir. Permanecia nesta posição por alguns segundos e depois virava para frente, uma perfeita recém-nascida a danada. Eu esperava, até que a calça social dela eu percebi. Um barulho, rápido, picado, estranho para ocasião, mas conhecido. Despertei!
De onde tinha vindo? Quem tinha sido?
Ela se denunciava. Sem graça passava a mão na parte de trás da calça, ligeira e sem mexer o corpo me deu uma olhada. Em silêncio eu respondi “sim, deu para ouvir”. Coisa de recém-nascida solta pum por aí.
Por Natália Oliveira

sábado, 7 de agosto de 2010

Dona Josefa

Dona Josefa Josefa é dona de uma cor de leite com café e de um paladar um tanto especial. Detesta verduras e legumes, come manga só quando tá com vontade de verdade e não pode sentir o cheiro de macarrão, banana e chocolate. Diz que carne vermelha sempre gostou, até a idade bater na porta e levar isto também.
Vendo-a trabalhar na cozinha, ofereci ajuda duas ou três vezes quando sozinha pegou uma vasilha cheia de frango, o suficiente para trinta pessoas ou mais comerem - dá para imaginar a quantidade - disse que não precisava. Não me deixou também ajudá-la a carregar uma mesa, fez sozinha.
Quem lê pensa que tem um tamanhão, mas eu digo que Josefa é um tico de gente. Baixinha de corpo miúdo e sem muitos nutrientes, né? Ela discorda. “A saúde é Deus que me deu”, quem sou eu para discordar. Com 69 anos ela sorri bonito e me diz que é avó de 22, mãe de 7 e na lanterninha 3 bisnetos.
Trabalha duro e oferece em troca de salário seus dotes culinários e ai de quem chegar tarde para comer almoço frio, ela coloca a mão na cintura, franze a testa e dá a bronca merecida. Quando passa, ri e confessa:“eu sou um poço de chatura”.
A ela.
Por Natália Oliveira

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tempos Fugit

...Por isto, tire o tempo para ouvir suas músicas prediletas, ler seus autores preferidos, estar rodeado das pessoas que você realmente ama. Não temos tempo para tudo, para viver bem é preciso escolher o essencial.

Ps> Arrumando minhas coisas encontrei um cartão de aniversário, reli e gostei especialmente deste trecho que divido acima com vocês.

Por Natália Oliveira