Cheguei no ponto e não achei. Minha carteira não estava na bolsa. Voltei correndo para meu trabalho com a esperança de encontrá-la dentro de uma das gavetas de minha mesa, ou embaixo delas, mas nem no banheiro a deixaram. Fui furtada! Meus documentos e minhas estrelinhas no chaveiro. Tudo. Levaram tudo.
Voltei para casa grata por conseguir ligar para minha casa, e triste por lembrar das filas do Poupa Tempo que deveria encarar. A primeira coisa que fiz foi ir à delegacia, fazer o tal do BO. Consegui fazer só no dia seguinte, porque como disse o guarda: “Nós temos dois ‘fragrantes’”.
“Tudo bem, eu volto”. E voltei. Sentei em uma das cadeiras do lugar e esperei até o papel que relatava o ocorrido ficar pronto. Ouvindo o barulho da impressora, viajei em meus pensamentos, imaginei como causei irritação no “malandrinho”, minha carteira não tinha dinheiro e nenhum tipo de cartão.
Meu pai, que me acompanhava, mexia a perna contundida, no último jogo de futebol, impacientemente, pisando em meus pés inúmeras vezes. Recolho minhas pernas e olho para o lado, vejo uma mulher com cinco crianças pequenas, uma de colo. Ao mesmo passo em que eu a percebo, o homem do balcão também a vê e logo grita:
- Seu caso?
- Meu marido me expulsou de casa – diz envergonhada.
- Dorme na casa de parente. A assistente social só vem segunda!
A mulher olha para a filha mais velha, aparentemente com doze anos, como se procurasse uma resposta.
A impressora continua fazer seu chiado.
- Procura seu advogado! – Ele grita – você não tem?
- Tenho – diz com um fio de voz.
Ela se cala e eu quase sinto sua dor...
O escrivão some atrás do balcão...
Eu sumo em minha casa...
E a mulher some nas calçadas...
No centro da cidade, o homem com uma placa no peito, entre anúncios de emprego, fazia um apelo: “Mulher Procura Dignidade!
Por Natália Oliveira
Voltei para casa grata por conseguir ligar para minha casa, e triste por lembrar das filas do Poupa Tempo que deveria encarar. A primeira coisa que fiz foi ir à delegacia, fazer o tal do BO. Consegui fazer só no dia seguinte, porque como disse o guarda: “Nós temos dois ‘fragrantes’”.
“Tudo bem, eu volto”. E voltei. Sentei em uma das cadeiras do lugar e esperei até o papel que relatava o ocorrido ficar pronto. Ouvindo o barulho da impressora, viajei em meus pensamentos, imaginei como causei irritação no “malandrinho”, minha carteira não tinha dinheiro e nenhum tipo de cartão.
Meu pai, que me acompanhava, mexia a perna contundida, no último jogo de futebol, impacientemente, pisando em meus pés inúmeras vezes. Recolho minhas pernas e olho para o lado, vejo uma mulher com cinco crianças pequenas, uma de colo. Ao mesmo passo em que eu a percebo, o homem do balcão também a vê e logo grita:
- Seu caso?
- Meu marido me expulsou de casa – diz envergonhada.
- Dorme na casa de parente. A assistente social só vem segunda!
A mulher olha para a filha mais velha, aparentemente com doze anos, como se procurasse uma resposta.
A impressora continua fazer seu chiado.
- Procura seu advogado! – Ele grita – você não tem?
- Tenho – diz com um fio de voz.
Ela se cala e eu quase sinto sua dor...
O escrivão some atrás do balcão...
Eu sumo em minha casa...
E a mulher some nas calçadas...
No centro da cidade, o homem com uma placa no peito, entre anúncios de emprego, fazia um apelo: “Mulher Procura Dignidade!
Por Natália Oliveira
2 comentários:
Nossa naty, me tocou lá no fundo em..
Isso que é texto literario..hehehe
bejin*
lindo!
parabéns minha flor!
olha como é bom fuçar...vc nem falou que tinha um blog...vou vir sempre por aqui!
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