Por Natália Oliveira
terça-feira, 16 de março de 2010
Esquina da solidão
Vira e mexe encontro com elas e suas cores. Cabelos alinhados com presilhas de plástico, brincos de argola, esmaltes, decotes cortados a favor da mostra dos seios, quase sempre caídos. Sandálias altas sustentam os corpos roliços ou magros demais. As roupas normalmente são grudadas, coloridas, destoantes de peça para peça. A maioria delas traz um maço de cigarro no bolso e dentes amarelos contornados por lábios vermelhos. Os olhos pintados mexem em companhia de sobrancelhas finíssimas no ritmo de um desejo camuflado de gente que quer gente do lado. Gente que olhe, que admire as horas a mais na frente do espelho. Nosso encontro é quase sempre atrás de caixas de dinheiro, ao lado de catracas de bilhete único. Na volta para casa, nos bares de noites tomadas por rala coxas e sorrisos fáceis de cerveja. Me chamam atenção quando explodem em gargalhadas seguidas de histórias que sempre tem cunhados e filhos, no percurso as mãos sempre balançam de um lado para o outro. São mulheres da vida dos ônibus, dos pontos deles, dos rostos de linhas que desenham o nosso país. São mulheres de desejos que gritam a esquina da solidão e que encontram nas cores das roupas, dos batons e dos esmaltes algo que atraia para a próxima parada que tem coração. Homens reparem a beleza na falta dela, é pensando em vocês.
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2 comentários:
É triste este tipo de solidão não qual transforma outra pessoas em simples serviços...
Fique com Deus, menina Natália Oliveira.
Um abraço.
Triste, Dani, triste.
Por coincidência, tempos depois deste texto escrito, a CNN fez uma sequência de matérias sobre.
Bacana...
Beijos,
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